No auge de uma revolução tecnológica fantástica que nos dá inúmeras possibilidades de realizar coisas nas mais diversas áreas como comunicação, fotografia, música, etc. estamos passando por um retorno aos clássicos. O que estaria acontecendo? Seria uma tentativa de impedir um avanço sem controle?
Uma das coisas que mais me impressiona é a quantidade de jovens da nova geração gostando cada vez mais de coisas como a fotografia analógica, trocando os CD’s pelo vinil, se interessando em possibilidades de reciclagem do velho para criar o novo… Mas é possível ainda espremer o que já foi tão espremido? Será que ainda rola de na mistura do retrô com o atual criar algo que seja inovador? Eu acho que ainda dá…
Na fotografia, o desejo por “polaróides”, ou as “Lomos” cresceu demais. Resultados imprevisíveis ou até mesmo com defeito (devido à falta de qualidade das máquinas) despertam a vontade de arriscar e tentar fazer imagens mais artísticas. O iPhone tem aplicativos até que imitam esses efeitos e é uma febre entre os que possuem o aparelho.
Na música além do retorno das vitrolas (que é vendida em lojas descoladas no mundo todo, como a Urban Outfitters) e do disco de vinil, os músicos estão usando aparelhos de efeitos sonoros antigos como tecladinhos de criança e moogs.
E na moda? Bem, a moda por si só já carrega o vai e vem das tendências e as décadas se revezam o tempo todo. Nessa temporada a Louis Vuitton trouxe o clima de um hotel de luxo antigo. Numa mistura geral, o que se via era pura nostalgia. Saltos altos, hot pants e corseletes brilharam na passarela. Rendas, anos 90, um pouco da era disco fazem parte do inverno brasileiro. Tudo antigo.
Marcas conceituais como a belga Martin Margiela trabalha há tempos com a idéia de retrabalhar peças antigas adquiridas em brechós. O estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch está vendendo em sua loja uma coleção de tênis em que se utilizou de tecidos e materiais de roupas do seu próprio guarda roupas.
E a marca Rodarte criou uma série limitada de bolsas que são feitas de cintos antigos, costurados juntos. Lindas, por sinal.
Brechós e mais brechós abrem o tempo todo no mundo com roupas incríveis de época e que se pode achar verdadeiras relíquias. Recentemente em São Paulo a loja de decoração e design Micasa lançou um anexo em seu espaço com pecas vintage absurdas garimpadas ao redor do mundo, com a curadoria de Fábio Souza, dono do brechó A la Garçonne.
É o antigo se renovando o tempo todo. O velho que se torna novo, num efeito de quase fênix. O final de uma coisa para começo de outra, como qualquer coisa na vida.
Por Marcio Banfi