Vivemos um verdadeiro quiprocó. E o que tem de mais interessante nesse “novo mundo” que está sendo construído, é a mudança de hábitos estéticos.
A máxima “você é o que você tem”, continua valendo. Agora, a questão “ser alguém” está mais complexa, porque, pra se destacar, é preciso ser um indivíduo, de fato. E isso é privilégio de quem possui autoestima e talento pra reinventar seu visual, definir seu próprio lifestyle, baseado no seletíssimo grupo de consumidores do mercado de luxo, que tem como objeto de desejo, basicamente, tudo o que é trabalhado dentro do antigo conceito handmade: direito total e irrestrito à exclusividade. O “não” à massificação e à falta de personalidade é regra pra quem quer ser referência, seja em que segmento for.
Bacana, é que isso está diretamente relacionado com sustentabilidade. A grande diferença entre um vip/cult e um nonsense, é o que ele consome (com conhecimento de procedência, responsabilidade socioambiental do produtor, matéria prima utilizada) e não o quanto paga, ou seja, sua decisão por qual critério adotar no momento de uma aquisição.
O que antes era cafona/pobre, hoje é chique/luxuoso, tipo usar crochê feito pela avó, ou roupa de brechó, ou retalhos, ou biojóia, ou tecido trabalhado em tear manual, ou sapato feito à mão, ou acessório de fibras naturais, ou peça customizada… se hospedar em uma pousada rústica; comer comidas tradicionais com temperos caseiros e produtos orgânicos do quintal; decorar a casa com peças de antiquários, e enfeitá-la com artesanato regional e flores colhidas do jardim; fazer os seus convites, lembranças, presentes e embalagens; construir com reaproveitamento de materiais; priorizar ventilação natural e captação de energia solar; economizar água e combustível; e por aí vai.
Luxo mesmo é fazer diferença; escrever a própria história, com as próprias mãos.
Handmade luxuoso de Lino Villaventura /©Zé Takahashi - Agência Fotosite |